quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Canto com Cheiro Morno

A noite vem chegando e de laranja o céu de cobre, e gelado o vento sopra calmo lembranças de um passado.
Lembranças que deixam um olhar triste nos olhos daquele senhor, que no fim da tarde deita em sua rede, rede antiga feita de retalhos com cores vibrantes e que balança levemente.
E com os olhos docemente calmos ele olha pro nada com um olhar misterioso, pensativo e monótono.
Os únicos sons que se ouvem são de alguns pássaros cantarolando e de seu carrocho latindo.
O rádio não emite sons á alguns dias, mais ele não se importa, se contenta com os ruídos da natureza.
E quando a luz se esconde a única claridade é de uma vela ao seu lado.
E para ele não existe lugar mais tranquilo que sua antiga e gasta varanda, varanda que tem um cheiro morno, onde se misturam os aromas de fumo e flor.
E com toda calmaria ele segue seus longos e intermináveis dias, que são alimentados com saudades e lembranças.
E antes de se deitar acende seu último cigarro de palha e vai ao encontro de sua doce solidão, a única companheira de noites frias.